A relação de confiança dos cavalos com seus domadores tem haver com a forma que suas feridas foram tratadas. A parte mais sensível de um cavalo são suas ancas. Ele não enxerga suas ancas, por isso que quando alguém toca suas ancas leva um coice. Os predadores farejam essa sensibilidade. Todo cavalo nasce na sua constituição genética com essa defesa: o coice.
Um domador consciente não doma seu cavalo com tapas ou surras. Ele começa a aproximação de frente para o cavalo tocando sua cabeça. Ele então pega um cabo maior que seu braço com uma bucha na ponta, e enquanto ele toca sua cabeça com uma das mãos , com a outra, usando esse dispositivo, que é uma extensão do seu braço ele toca as ancas do cavalo. O domador está com esse gesto afetuoso tirando as memórias desses traumas que ficam registrados na sua constituição genética. Ao ser tocado de forma respeitosa com leveza e carinho na sua parte mais sensível o cavalo vai se sujeitando ao domador.
Devemos aprender essa conexão da arte da doma para lhe dar com as feridas das pessoas. É através do afeto, do diálogo. Uma pessoa ao curar outra deve remover os medos da pessoa ferida. Mas você não tocar direto a ferida, ou essa pessoa vai se tornar coiceiro.
Quando você identifica que a pessoa tem uma área frágil, devemos ter habilidade para fazer o toque de cura. Tudo começa pela confiança. Assim como o cavalo sabe que o toque do domador não vai lhe machucar, uma pessoa ao ser tocada de forma respeitosa nas áreas frágeis da sua vida, é para receber cura.
Que possamos ter a habilidade e a graciosidade para remover as memórias dos traumas daqueles que precisam como um bom domador de cavalos.
FernandoRomero