Dentre as muitas lentes que enxergamos este assunto é fundamental considerar o prisma cultural. Cada cultura tem a sua forma de ver o assunto. Quando recorremos a bíblia como fonte histórica vemos que Abraão optou por sepultar sua esposa Sara, assim como depois foi sepultado ao lado dela:
Depois Abraão expirou: morreu numa velhice feliz, idoso e repleto de bons anos, e foi reunido aos seus antepassados. Seus filhos, Isaque e Ismael, o sepultaram na gruta de Macpela, próximo a Manre, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, campo que Abraão comprara dos hititas. Foi ali que Abraão e Sara, sua esposa foram sepultados. Genesis 25.8-10
Mas quando partimos para a cultura egípcia vemos que os mortos eram mumificados, e postos em sarcófagos, a questão é cultural. José era um hebreu, e quando morreu foi colocado em um sarcófago, somente anos mais tarde foi sepultado, mas antes foi mumificado, pois era a cultura do Egito:
E José fez os filhos de Israel prestarem um juramento: “Quando Deus intervier a vosso favor, levareis os meus ossos daqui!” José morreu com a idade de cento e dez anos. E, logo depois de embalsamado, seu corpo foi depositado num sarcófago, no Egito. Genesis 50.25
Nos tempos de Jesus os mortos também eram embalsamados, o episódio de Lazaro nos mostra isso, quando Jesus pediu para que desatasse os panos que estavam envoltos em Lazaro.
Não a pecado algum em sepultar, cremar ou mumificar. Até porque no dia da ressurreição dos mortos, o mar vai ter que devolver seus mortos, a sepultura vai ter que devolver os mortos, e o fogo vai ter que devolver seus mortos. A fenomenologia da ressurreição vai transcender as culturas, quem foi cremado o fogo terá devolver e quem foi sepultado a sepultura terá que devolver. A morte irá prestar contas neste dia:
E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
E deu o mar e o fogo os mortos que nele havia; e a sepultura e o hades deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.
Apocalipse 20:12,13
Isto é uma questão de família, cada um faz com seu ente querido, aquilo que acha melhor. Não a pecado em qualquer uma das situações.
Quanto ao doar órgãos é uma atitude muito nobre, eu mesmo quero meus órgãos doados. Saber que dei a outro a oportunidade de continuar existindo me fascina. É uma decisão pessoal, cada um faz o que achar melhor. Também não a pecado em qualquer uma das escolhas. José por exemplo decidiu o que fazer com seus ossos, e isto nos da a autonomia do que fazer com nossos órgãos:
José fez os filhos de Israel prestarem um juramento: “Quando Deus intervier a vosso favor, levareis os meus ossos daqui!” José morreu com a idade de cento e dez anos. E, logo depois de embalsamado, seu corpo foi depositado num sarcófago, no Egito. Genesis 50.25,26
Fernando
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