sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O JUÍZ E A VIÚVA


Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava homem algum. Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E, por algum tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?
Em primeiro lugar para entendermos esta parábola é preciso entender que na bíblia é ordenado que os juízes julguem com retidão os casos de órfãos e viúvas: Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.
Isaías 1:17
As viúvas são vulneráveis à opressão e à injustiça, pois elas não tem alguém para protege-las. Por isso Deus ordena que os juízes lhes dê especial consideração (Ibn al-Tayyib página 312)
No caso desta parábola, Jesus está afirmando que este juiz não tem nenhuma fagulha de honra em sua alma, ele não sente vergonha diante de Deus e diante dos homens por feriar uma viúva desamparada, ele prefere favorecer o adversário dela. Qual o pano de fundo dessa parábola? Precisamos mais uma vez recorrer a cultura do oriente médio: muitos dos juízes eram desonestos e cobravam uma propina para dar a sentença. Então presumisse que esta mulher está inteiramente só, sem ninguém para fazer suborno a seu favor, ela não tinha nenhum protetor para coagir o juiz, e nenhum dinheiro para corromper. Outro sim, é que no oriente médio as mulheres não vão pedir justiça no tribunal e sim os homens. Jesus está disposto a ensinar alguma lição.
Mas Jesus disse que este juiz por certo tempo se irou contra ela e não a atendeu, mas, por ela importunar tanto no saguão da corte este juiz resolveu atendê-la: “todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito.” A palavra molestar no grego é makrothumia, que significa afastar sua ira para bem longe. Portanto entendemos que este juiz ao afastar sua ira, por aquela mulher não ter dinheiro para propina, resolveu julgar sua causa.
O que Jesus quis ensinar a seu auditório? Ele estava ensinando sobre sermos perseverante nas orações. Se as necessidades dessa mulher são supridas, quanto mais as necessidades dos piedosos que oram não a um juiz iniquo, mas a um Pai amoroso. Assim como esta viúva, que representa cada um de nós, não devemos olharmos para nossa situação desencorajadora e desesperada, e podemos ficar certos que nossas petições serão ouvidas e atendidas por um Deus que é justo. Deus também usa seu makrothumia (remoção da sua ira para bem distante) para que possa nos ouvir. Um claro exemplo da sua misericórdia é neste exemplo: um rei r estava pensando onde acampar suas tropas. Ele resolveu colocar a uma boa distância da capital, de forma que no caso de desobediência civil, levariam algum tempo para que as tropas chegassem, neste interim de tempo, os rebeldes teriam a oportunidade de cair em si ( livro Parábolas de Lucas, pagina 319).
Da mesma forma Deus afastou sua ira e despejou no seu filho Jesus, portanto podemos entrar em oração na sua presença sem medo, pois sua ira foi removida para longe, e pode ser que em oração caímos em si e nos arrependemos. Às vezes, estamos só sem ninguém por nós como esta mulher viúva, mas Jesus disse que o Pai é por nós. Basta nos dirigirmos a Ele em oração.
A oração vence o medo, e Jesus nos ensina que nos dirigimos a um Pai amoroso e não a um juiz iniquo. Se esta viúva foi suprida por este juiz sem escrúpulos, muito mais nós que oramos a um Deus justo.
Fernando Romero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário