Expressando-se Pedro, disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se desejares, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias”. Mateus 17.4
Deus nunca ficou confinado a templos de tijolos, ou nas caixas de Pandora da religião. Deus é livre. Mas os homens tentam confinar Deus, deixar ele como um gelo formatado em uma forma de gelo. Até diante de toda glória da transfiguração Pedro foi tentado a confinar a glória em recipientes: “ queres que faça três tendas?”. Na transfiguração tudo que era natural foi tomado de glória, a roupa que Jesus usava feita por mulheres ficou tomada de glória, o cume natural do monte, brilhava de gloria, a nuvem se tornou glorificada e luminosa. Ou seja, o convite inteiro dessa espiritualidade do Reino de Deus é para o ar livre. Diante de tanta glória, e a abóbada do céu, no monte Hermon ( suposto monte da transfiguração), Pedro quer tapar o céu, cobrir tudo com tendas, confinar Elias e Moisés dentro, e acima de tudo confinar Jesus .
Isto é a antítese do projeto do Reino de Deus é dessa espiritualidade imensa, total histórica, cósmica, ampla, livre que goza Deus em tudo, em todas as coisas e em todos os lugares. Fazer três tendas era loucura.
Abraão foi chamado pai da fé porque é inquadravél. Ele ouvi de Deus: “ sai para uma terra que te mostrarei” e ele simplesmente crê e isso basta. A fé é movimento.
Os religiosos sempre querem construir tendas, que são catedrais não lhe basta o templo, e sempre usam a mesma fala: “ é para Glória de Deus” não entenderam nada da revelação na transfiguração. Isso vem de muito tempo , já no antigo testamento se lê : Vamos fazer um templo para o Senhor. Igual a história de “ tenhamos um rei” todos os povos tem. O Pretexto é sempre espiritual: A arca precisa descansar, precisa de repouso. Uma arca que Deus já tinha feito com duas varas para ser CARREGADAS sempre, o projeto era móvel, mas resolveram confiná-la. Não entenderam nada, que a tenda é nossa, e não nós da tenda. As três tendas tem sempre seu centro de poder. A teologia da tenda é sempre a mesma: Deus aceita dinheiro somente aqui; em qualquer outro lugar é mal, mesmo que seja socorrendo um pobre caído à beira do caminho. Dinheiro não pode ser colocado no altar da dor humana, somente na casa do tesouro. Não tem mais arca para repousar, mas tem sacerdote para sustentar. É a política da tenda.
“Façamos três tendas é a neurose do cristianismo”. Se observar o cenário da transfiguração Deus desaprova Pedro, quando ele vem com essa história de fazer tendas, uma nuvem luminosa os envolve, e dela procede uma voz que diz: “ Este é meu Filho Amado, em quem me comprazo; a Ele ouvi”. E esta historinha de três tendas caem por terra onde deveria ter permanecido para sempre. Quando o Senhor os levanta viram somente Jesus. Isso é maravilhoso. Aliás João um dos que estava presente na transfiguração escreveu no apocalipse uma visão que teve: “ não vi templos”. Se referindo ao novo céu e nova terra.
A tendência humana é querer confinar Deus sempre, é querer colocar a glória no formol, é tentar congelar em um endereço, um local , é tentar por a glória para fora de nós em vez de ser em nós. Glória de Deus em nós é manifesta como amor, misericórdia, compaixão, verdade, justiça, reconciliação, perdão etc.
Na transfiguração os discípulos estavam pesados de sono até verem a glória. Nisto aprendemos que tudo faz parte do culto a Deus: nuvem, água, natureza, meu sono, meu descanso, meu acordar, leitura da Palavra, tudo é tomado pela glória quando a verdade.
Em Jesus não existe sacro e secular, tudo é sacro e secular. Para Jesus todas as coisas são puras para os puros.
Mas uma mente religiosa como a de Pedro sempre vai querer confinar a glória em tendas. Interessante que o gentio Cornélio de coração puro não teve problemas para chamar Pedro, mas para o religioso Pedro ser convencido a falar com Cornélio, precisou de visão dos céus, voz de Deus mandando ir.
O Pedrinho complicado para entender que Deus é livre e sopra sua glória onde quer.
baseado no livro CAMINHO DO DISCIPULO DE CAIO FÁBIO
Fernando Romero.
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