“ Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome sua cruz e siga-me”
O que vai sobrar quando eu negar a mim mesmo? Jesus falou para negar o “si mesmo “ e não o eu. Eu sou chamado a negar o self, o si mesmo, que não é o eu. É a decoração, o carro alegórico, é a Sapucaí da minha vida. São as minhas máscaras, minhas incorporações que eu passo a chamar de eu, e elas são de uma quantidade tão absurda que, praticamente, a maioria das pessoas não sabem qual é seu próprio eu. São si mesmos encontrado a si mesmos.
Jesus disse: “ quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a vida por minha causa, achá-la-á. O que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.
Isto significa que ganhar o mundo inteiro é tarefa da qual o si mesmo se empenha. O si mesmo é produzido no curso deste mundo. O si mesmo é esse indivíduo turbinado o dia inteiro, para ganhar o mundo inteiro. Ele é feito de conquistas, de traumas, de decepções, ele é feito de ilusões.
E você ainda se pergunta o que é o si mesmo. Si mesmo é o que pensamos que se chama eu em nós. Ele é a volta da reflexão da imagem, do meu holograma construído pelo mundo, ungido pelo mundo com as categorias que dizem: Assim é um homem bem sucedido, assim é a mulher bonita etc .
Muitos vão saber o que é o eu neles somente quando não sobrar mais nada. Aí vai surgir o eu soterrado lá dentro. Às vezes uma falência é uma coisa maravilhosa para sair rasgando o si mesmo, para ver se lá no fundo aparece o eu moribundo.
É disso que Jesus está falando. Se alguém quer ser meu discípulo, o indivíduo tem de tomar consciência de que existe uma montanha de impressões sobre si que precisa ser jogado fora. Mesmo não gostando das razões de Deus. “Se alguém quiser vir após mim”, então saiba que há um carro alegórico na sua vida , imenso, que precisa ser quebrado para aparecer o seu eu que até hoje não teve a chance de ver o que é você.
Desta forma, no lugar do si mesmo, Jesus porá na nossa consciência a razão do evangelho contra todas nossas certezas ou opniões.
Livro Caminho do Discípulo volume 1, páginas 86-88 de Caio Fábio
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